Dias de puro futebol na Argentina – 2025 – Uma ida a Dock Sud

A história da minha sexta-feira (29/8), eu começo contando o papo que tive no dia seguinte, com o motorista do único Uber que peguei para ir em jogos nesse giro argentino por estádios de futebol.

Estava indo para Chacarita no sábado (30/9), quando contei para o motorista do Uber, também chamado Gustavo, um pouco das minhas histórias de estádio.

Quando perguntei porque fora da capital federal a segurança não era a mesma, ele falou: “Por exemplo, Dock Sud. Esse é um lugar perigoso, que você não deve ir”.

Minha resposta para ele foi rápida e simples: “Fui ontem para lá, no jogo do Dock Sud”. Na hora ele já falou em portunhol. “Não, você é maluco”.

Bom, talvez eu seja mesmo. Mas, para ir a Dock Sud, fui muito bem acompanhado pelos quatro rapazes que tocaram naquele dia os instrumentos (trombone e trompete) do banda. Além deles, todos na faixa dos 25 anos, havia também a turma dos bombos. Já esses, nenhum tinha mais de 18 anos. A idade média da turma que socava a mão nos tambores era 14, 15.

Travessia do Rio Riachuelo de Buenos Aires para Avellaneda

Combinei com o amigo Leandro Ezzequiel de encontrá-lo lá às 14h30. Por sorte – sorte real – eu o encontrei sem querer às 14h20, quando ele estava indo no banheiro no posto de gasolina, local que o meu ônibus havia acabado de me deixar. Digo e enfatizo a sorte, porque quando cheguei lá com ele onde estava a torcida, o clima era zero amigável. Se eu chegasse sozinho, teria sido bem ruim.

Dock Sud fica em Avellaneda, cidade (que eles chamam de Partido) vizinha de Buenos Aires, onde também estão os times Racing, Independiente, Arsenal, San Telmo, Victoriano Arenas. Aliás, Avellaneda é considerada a “Capital Mundial de Fútbol”.

Bom, fato que Dock Sud é um lugar, aparentemente, perigoso. Não gostaria de ter ido lá à noite. Com todo respeito ao povo que lá vive. A gente nunca sabe se uma pessoa ruim pode cruzar nosso caminho.

O jogo era às 15h30. Pouco antes das 15h, começou o aquecimento e a ida até o estádio, que ficava umas quatro ou cinco quadras de onde estávamos concentrados. Ao chegar no Estádio de Los Inmigrantes, a certeza de que era o estádio mais simples que assisti jogo na Argentina. O gramado, infelizmente, era o pior que já vi, entre todos os que já visitei.

O jogo, Dock Sud 1×0 Excursionistas, era contra o time verde e branco da região norte de Buenos Aires, que fica localizado num bairro bem de playboy, no Bosques Palermo.

Sobre a experiência, foi realmente única. Foi a oportunidade mais bacana que tive, pelo menos até aquele momento, de vivenciar o amor mais puro pelo esporte. Primeiro porque fiquei junto a banda o jogo inteiro. Fiz amizade real com os quatro percursionistas, Leandro, Nico Garcia, Martin Ezequiel e Dani Silva – os três primeiros tocavam trompete. O último, trombone. Segundo, porque era um time de terceira divisão, que tinha seus fiéis torcedores e eles mostravam isso em cada gesto, movimento.

Na volta do estádio, o Leandro nos deu carona no seu Astra anos 2000 e alguma coisa, que ele me apresentou muito orgulhoso, até a Estação de Trem Darío Santillán y Maximiliano Kosteki. Fato é que a realidade dos rapazes que tocam nas bandas dos times, é muito diferente da que nós estamos acostumados (ou melhor, do que eu estou acostumado). Tiro demais meu chapéu para eles.

Dani (cinza e preto) e Martin (vermelho e preto) na Estação de Trem

Registro para não deixar passar batido
De terça a quinta (26 a 28/8) não teve jogo de futebol, o que foi uma tristeza gigante para mim. Total falta do que fazer e também de inspiração. Na quarta, fui de Palermo até o estádio do River Plate correndo no fim de tarde, lá pelas 17h. Passeio legal, que durou 9 km em 50 minutos.

Já na quinta-feira, resolvi dar um giro e ir ao Estádio do Platense, em Vicente López. No entanto, peguei o ônibus errado. Eu disse pro motorista “Estadio Ciudad López”, ele entendeu “Estádio Ciudad Buenos Aires”. Bom, de toda forma, parei a uma quadra do Estádio do Defensores de Belgrano e pude conhecer mais uma cancha, a Juan Pasquale.

Em 2023 eu fui até lá e tentei entrar neste estádio, no entanto sem sorte. Desta vez, no exato momento que cheguei na portinha de entrada, um funcionário da manutenção estava saindo. Pedi para ele, que me deu as coordenadas. Sorte ajuda às vezes. Mais um para contar história, Estádio 118. Dock Sud seria o 119º.

Até ali, nesta viagem para Buenos Aires, quatro estádios com o check-in: Atlanta (115), Riestra (116), Lanús (117) e então o Defensores de Belgrano (118) e Dock Sud (119).

Estádio do Defensores de Belgrano, que deve ser um dos menores da Segunda Divisão do futebol Argentino

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